Quixote, entre a palavra e a imagem

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RELEASE – INAUGURAÇÃO DIA 12 DEZEMBRO DE 2013
EXPOSIÇÃO QUIXOTE, ENTRE A PALAVRA E A IMAGEM
Laboratório de Conservação de Obras Raras e Especiais e Laboratório de Digitalização e Preservação Digital

SOBRE A EXPOSIÇÃO

Em 12 de dezembro de 2013, às 16h, o Sistema Integrado de Bibliotecas da USP inaugurou seus novos espaços no Complexo Brasiliana USP, especialmente Espaço de Mostras Periódicas das Coleções de Obras Raras e Especiais, o Laboratório de Conservação de Obras Raras, o Laboratório de Digitalização e Preservação Digital e a Biblioteca de Obras Raras e Especiais do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP.

Para comemorar tal inauguração, foi projetada a exposição Quixote, entre a palavra e a imagem, da Coleção Cervantina Publio Dias, doação da família do médico pernambucano Sebastião Publio Dias da Silva, com edições da obra do autor espanhol Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616), “O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha”, adquirida ou recebida por doação de amigos e figuras ilustres (como Manuel Bandeira, Jorge Amado dentre outros).

A Coleção Publio Dias constitui um acervo cervantino valioso que se caracteriza sobretudo por reunir edições ilustradas do Quixote. A coleção, com mais de 700 volumes, contém edições publicadas em 35 idiomas, em tempos remotos e em formatos especiais. Dentre muitas edições dignas de nota seria possível destacar algumas como a primeira edição ilustrada em espanhol de 1662, a edição em espanhol de 1719 que constitui um exemplo do modelo iconográfico holandês, a edição em alemão de 1780 com ilustrações magníficas, a edição francesa de 1836 que é abundantemente ilustrada e que teve grande difusão ao longo do século XIX, a primeira edição completa em catalão publicada em 1936, a segunda edição famosa e ilustrada por Gustav Doré, uma edição microscópica de 1902, a primeira edição ilustrada por Salvador Dalí publicada em inglês em 1946, uma edição de 1967 que traz o prólogo de Américo Castro com fotografias de Ramón Masats, uma edição em russo com dedicatória de Jorge Amado, uma em português da editora Aguilar que foi um presente de Manuel Bandeira, uma edição espanhola, sem data, extremamente luxuosa com encadernação artesanal e edições comemorativas como a do 3º Centenário da obra.

A Exposição se propõe a exibir publicamente esse patrimônio literário, apontando preciosidades, ilustrações, ilustradores, idiomas exóticos, por meio de aproximadamente 40 objetos (entre livros, miniaturas, quadrinhos, desenhos, poemas) especialmente selecionados e levando a reflexão de Dom Quixote sob duas vertentes: (a) a difusão internacional da obra, explorando assim de maneira peculiar as especificidades da própria coleção Cervantina Publio Dias com suas inúmeras publicações em idiomas variados, ilustrações e ilustradores diversos; (b) a recepção de Dom Quixote no âmago nacional, descrevendo reflexos e adoções de sua genialidade em diversas frentes e perfis brasileiros, transitando desde as primeiras traduções, até reflexos na pintura, poesia, literatura infantil, literatura de cordel, caricaturas dentre outras.
Além dos objetos físicos expostos, o visitante poderá visualizar ilustrações e navegar pelos livros completos de maneira virtual recorrendo a tablets dispostos estrategicamente.

Certamente essa exposição deverá ser do interesse de públicos diversos, desde alunos de ensino médio, universitários e pós-graduandos a pesquisadores, professores e profissionais interessados em literatura espanhola, Cervantes e Dom Quixote.

Tempo de duração da exposição: 03 meses – 12.dez.2013 a 01.mar.2014

 


 

SOBRE O LABORATÓRIO DE CONSERVAÇÃO DE OBRAS RARAS E ESPECIAIS (LabCon)

Instalado com apoio da Fapesp, o LabCon tem como objetivo a preservação do patrimônio cultural custodiado pelo Departamento Técnico do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP. Para isso executa ações que envolvem a conservação preventiva, tais como: higienização mecânica, consolidação do suporte e acondicionamento adequado às obras.

Contendo equipamentos nacionais e importados de alta qualidade, iniciou suas atividades a partir do tratamento da coleção Cervantina e com o propósito de colocar-se à disposição de todas as Unidades da USP.

 

SOBRE O LABORATÓRIO DE DIGITALIZAÇÃO E PRESERVAÇÃO DIGITAL. (LabDig)

Esse Laboratório tem como objetivo a digitalização, tratamento e disponibilização na web; para pesquisadores internos e externos; do conteúdo completo de distintas coleções existentes nas Unidades USP, sejam elas obras raras, especiais ou históricas sobre a USP.

Está equipado com scanners de altíssima resolução como o robô Kabis III e o Skyview, ambos produzidos pela Kirtas Technologies, USA e o Scanner Scanback da Rencay, Alemanha.

O primeiro modelo vem equipado com duas câmeras Canon de 21 megapixels, dispostas em x (cada uma virada para uma página do livro), portanto com potencial para digitalização de livros encadernados e obras frágeis. Digitaliza até 2900 páginas por hora, como utiliza duas câmeras, captura duas páginas simultaneamente. Possui viragem das páginas dos livros por braço robótico de vácuo, berço de digitalização especial, com ângulo de 100º e tecnologia SmartCradle, que permite a digitalização do conteúdo sem necessidade de abrir a obra em 180º, preservando seu estado físico ao não forçar a costura.

Já o modelo Skyview, (planetária) é voltado para a digitalização de grandes formatos como mapas, cartazes e jornais mantendo altas resolução e qualidade. Possui apenas uma câmera que se desloca em dois eixos para varrer toda a extensão do material. Cada câmera é ligada num computador que, por sua vez, é ligado a um servidor. As imagens aparecem em tempo real no monitor do scanner. O disparo da câmera pode ser automatizado, impondo-se assim um ritmo constante ao trabalho, ou pode ser por pedal, para uso com obras mais delicadas e conforto ao operador. Possui uma mesa de vácuo para garantir que a página estará sempre sem ondulações e possa gerar uma imagem fiel, contando com ajuste de sucção. Um berço com compensação de altura e lombada, o que permite o uso de um vidro planificador com o mínimo de estresse sobre a costura ou as páginas.

O scanner Scanback modelo Archive, com sensor de 312 MPix, 48bits trilinear, da empresa alemã Rencay, de alta resolução e fidelidade para objetos em diversos tamanhos e formatos, é considerado scanner para área artística, porque cada cor é capturada de forma independente e sem interpolação, cada ponto é capturado “três vezes”, produzindo um resultado final extremamente fidedigno à realidade do objeto capturado. Utiliza sensores com o dobro de bits que os profissionais, além de possuir um sensor bem maior do que o das câmeras convencionais com resolução em média 10x maior que o comum das câmeras profissionais.

Desse modo, o Laboratório de Digitalização (LabDig) do SIBiUSP, hoje, possui condições de digitalizar tanto formatos padrão quanto grandes; realiza digitalizações de alta qualidade com alta produtividade, possibilita capturas de real preservação e com qualidade artística considerável, tem condições de operar documentos de dimensões de até 3 metros de largura mantendo-se ainda a alta resolução e fidelidade.

Para tanto, o SIBiUSP iniciou o processo de digitalização da produção USP e do acervo de obras raras e especiais. Somando-se o acervo de teses e revistas publicadas internamente, a USP hoje mantém ainda 169 mil documentos em formato impresso, correspondendo a aproximadamente 39 milhões de páginas de conteúdo a espera de serem digitalizadas e disponibilizadas online. Esse total de páginas, quando digitalizadas, vão gerar 706TB de arquivos TIFF/RAW e 265TB de arquivos em PDF para usuários finais.

Esse cenário levou o SIBiUSP a implantar uma infraestrutura com capacidade de armazenamento estimada inicialmente em 1,6 Petabytes de dados, visualizando a possibilidade de armazenar, nos diversos campi da Universidade, versões formatadas em padrão PDF/A dos arquivos digitais produzidos (para acesso via web) e manter centralizadas maciçamente no campus central em São Paulo, as versões em RAW ou TIFF dos mesmos conteúdos digitalizados (para preservação e respectivos backups). Para tanto, já se equipou com equipamentos NETAPP, como storages, sistemas de backup, servidores físicos, softwares e licenças, selecionados em total alinhamento e aderência projeto institucional CLOUDUSP.

Outras informações:
Sistema Integrado de Bibliotecas da USP
atendimento@dt.sibi.usp.br
(11) 3091-1546

120 anos da história do Direito na USP

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120 anos da história do direito brasileiro em acesso aberto por meio da coleção digital da Revista da Faculdade de Direito da USP lançada em 29.nov.2013

Em 22 de agosto de 1827, por lei imperial brasileira, são criados dois cursos de ciências jurídicas e sociais no Brasil, um em São Paulo e outro em Olinda. As atividades do curso paulista iniciam-se em 1º de março de 1828, no Convento de São Francisco, primeiro como Academia de Direito, posteriormente como Faculdade de Direito de São Paulo e em 1934 é incorporada à Universidade de São Paulo (Decreto Estadual 6.283 de 25 de janeiro de 1934 [1]).

Surgida poucos anos após a proclamação da Independência do Brasil, a Faculdade de Direito de São Paulo destinava-se a formar governantes e administradores públicos, capazes de estruturas e conduzir o país recém-emancipado.

Dentre as diversas estratégias adotadas para o desenvolvimento da educação no pais, uma delas foi a criação de revistas vinculadas às faculdades e escolas brasileiras pelo Decreto no. 1159 [2], de dezembro de 1892, o qual “Approva o codigo das disposições communs ás instituições de ensino superior dependentes do Ministerio da Justiça e Negocios Interiores”. Nesse decreto, em seu Capítulo IX, intitulado “Da Revista”, além de orientações quanto a sua criação, a composição das comissões responsáveis e a forma de publicação e periodicidade, também já se observa a preocupação com a publicação de “memórias originais acerca de assumptos concernentes as materiais ensinadas no estabelecimento”.

A Revista da Faculdade de Direito de São Paulo foi criada em 26 de abril de 1893 e teve sua primeira edição publicada em 15 de novembro do mesmo ano, alterando seu nome para Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, quando da incorporação da Faculdade anteriormente mencionada.[3]

Com cento e vinte anos de existência a Revista continua sendo publicada sem interrupções, exceto no período de 1914 a 1925, em razão da Primeira Guerra Mundial, quando se enfrentou enorme dificuldade para aquisição de papel para impressão. Figuram em sua primeira edição autores como os professores: João Monteiro, Frederico Abranches, Alfredo Lima, João Mendes de Almeida Júnior, Brasílio Machado, Aureliano Coutinho e Manoel Pedro Villaboim. Outras juristas, professores e pesquisadores, de expressão nacional e internacional, foram sendo incorporados nesses anos.

Desde suas primeiras publicações, a Revista constituiu-se de duas partes: uma de artigos jurídicos, em geral, de professores da Faculdade de Direito, e outra, com registros de fatos acadêmicos. Em sua estrutura atual, é constituída das seguintes Seções:

  • Artigos Acadêmicos
  • Trabalhos Acadêmicos de Pós-Graduandos
  • Trabalhos Acadêmicos e de ex-alunos
  • Discursos e Conferências
  • Contribuição às Memórias Acadêmicas

Buscando registrar a história eternizada em seus fascículos, preservar sua continuidade e otimizar a divulgação e o acesso público, o Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBiUSP) em trabalho coordenado e integrado com os editores e equipes da Biblioteca da Faculdade de Direito, lança em novembro de 2013, comemorando 120 anos, a coleção digital completa de todo o acervo composto de com 128 fascículos e 2818 artigos, a qual se encontra disponível de duas maneiras distintas:

(a) como parte do Portal de Revistas da USP juntamente com todas as demais revistas correntes da USP, onde é possível a busca individual dos artigos publicados por autor, ano, assunto, além de índices alfabéticos diversos.
Revista da Faculdade de Direito de São Paulo (1893-1934) – http://www.revistas.usp.br/rfdsp
Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – http://www.revistas.usp.br/rfdusp

(b) como parte da coleção histórica de revistas publicas pela USP junto à Biblioteca Digital de Obras Raras, Especiais e Documentação Histórica da USP, onde é possível a busca e download individual dos fascículos da coleção completa tanto da primeira como Revista da Faculdade de Direito de São Paulo, como da fase intitulada Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – http://obrasraras.sibi.usp.br/xmlui/handle/123456789/4304



Apresentação do Fascículo no. 108 preparado em comemoração aos 120 anos da Revista

Os gregos nos repassaram que a glória não se trata de estágio de vaidade, mas o caminho correto de nós nos assemelharmos aos deuses; traduzindo: sempre existir pela vivência, tendo como objetivo maior nunca parar de andar pelo trilho escolhido.

Os gregos nos transmitiram, também, o dever de nos preocuparmos, cotidianamente, com o futuro; ato que, por meio da preservação, constituir-se-á perfeito legado; de virtuosos ancestrais ao nosso presente produzido; traduzindo: registro à eternidade.

A História não passa tão rápido como o mundo da Natureza e uma data como a de 2013 torna-se marcada pela importância de a Revista da Faculdade de Direito atingir, gloriosamente, os 120 anos de publicação; enfatizando, o primeiro e mais antigo periódico científico acadêmico das Américas como, também, da História da Academia de Direito.

Em suas várias etapas de criação editorial, a Revista da Faculdade de Direito permaneceu fiel ao seu perfil acadêmico, nos mesmos moldes do primeiro volume correspondente ao ano de 1893 e como premissa final a preservação da maneira inteligente de ser de nossos antigos lentes e catedráticos mesclada à nossa história. Em juntada a artigos de contingente de notáveis articulistas, desde os mais renomados até os alunos de Graduação que, com certeza, chegarão à nobre posição dos renomados, quando se tornarão os primeiros.

Caminhando pelo trilho escolhido na direção do futuro, sem olvidar o passado, série de artigos reza a retrospectiva desta Academia de Direito, desde a sua instalação em espaço físico destinado aos monges franciscanos, e que hoje é chamado de Largo de São Francisco.
Reafirmando o que foi manifestado em fascículos anteriores, a Revista é do Povo brasileiro; a ele, vinculada a forte compromisso social, devolve-se artigos de elevada acuidade acadêmica produzidos pelos professores e alunos desta Casa, além de convidados especiais que abordam temas voltados ao interesse da população, independentemente da classe social, a qual tem batalhado em manifestações pacíficas por reivindicações de um País cada vez melhor de se viver.

Em consonância aos ensinamentos helênicos, o fascículo aniversariante não se apresenta travestido de glória; todavia, de missão cumprida da equipe deste Serviço Técnico de Imprensa, sob os olhares de orientação dos Excelentíssimos Senhores Professor Titular de Direito Processual Antonio Magalhães Gomes Filho, Diretor desta Faculdade de Direito; Professor Titular de Direito do Estado e Ministro do Supremo Tribunal Federal Enrique Ricardo Lewandowski, Presidente do Conselho Editorial e Professor Titular de Direito Internacional Paulo Borba Casella, presidente da Comissão de Publicação e demais membros.

Antonio Augusto Machado de Campos Neto
Editor da Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo

Um século da Faculdade de Medicina USP

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Dois veículos de comunicação criados pelos alunos da Faculdade de Medicina a quase cem anos – a Revista de Medicina (com 97 anos) e o Jornal O Bisturi (com 83 anos de existência) – revelam muito da história da Medicina no país, no Estado de São Paulo e, mais especificamente, na Universidade de São Paulo.
Em comemoração ao aniversário de 100 anos da Faculdade de Medicina da USP e buscando registrar a história eternizada em seus fascículos, preservar sua continuidade e otimizar a divulgação e o acesso público, o Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBiUSP) em trabalho coordenado e integrado com as equipes do Museu Histórico da Faculdade de Medicina e da Biblioteca da Faculdade de Direito, lança em 29 de novembro de 2013 a coleção digital completa de todo esse acervo.

Tais publicações passam a estar disponíveis publicamente de duas maneiras distintas:

(a) A Revista da Faculdade de Medicina

- faz parte do Portal de Revistas da USP facilitando a busca individual dos artigos publicados por autor, ano, assunto, além de índices alfabéticos diversos.

- e também faz parte da coleção histórica de revistas publicas pela USP junto a essa Biblioteca Digital de Obras Raras, Especiais e Documentação Histórica da USP, onde é possível a busca e download individual dos fascículos da coleção completa.

(b) O Jornal O Bisturi está disponível em texto completo fascículo a fascículo na Biblioteca de Obras Raras, Especiais e Documentação Histórica da USP.


A vida acadêmica na Faculdade de Medicina refletida em duas publicações quase centenárias

A Revista de Medicina

Entre 1889 e 1930, durante a chamada Primeira República, a imprensa no Brasil se diversificou, conhecendo diversas formas de inovação tecnológica que permitiam o uso de charges, caricaturas e fotografias, como também a ampliação de suas tiragens, com melhor qualidade de impressão e menor custo, resultando num “ensaio da comunicação de massa”[1]. Dentre essas transformações[2], é importante destacar a diversidade que passou a constituir esse material, “com impressos de vários matizes políticos, muitos de expressão reivindicatória, periodicidade variada, segmentação enriquecida e pluralidade temática, sobretudo nos cenários urbanos que se modernizavam”[3]

É nesse contexto que encontramos uma série de revistas e jornais sendo produzidos na Faculdade de Medicina (FM) tendo, contudo, duas delas perenidade até os dias de hoje[4]. A primeira foi a Revista de Medicina, divulgando os primeiros passos da vida acadêmica do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (CAOC) e da produção científica estudada e divulgada por professores e alunos. Para isso, não cansou de pedir a publicação dessas produções, afinal, “poderiam não só dar à medicina paulista contribuição das mais vultosas, como constituir a mais preciosa fonte de estímulo dentro da escola”[5]. Esse chamado ganhou significado relevante pela produção que conseguiu divulgar, principalmente aquela em que apontava uma luta das especialidades médicas, bem como de teorias que informavam muitas dessas áreas.

Entre as pendências a resolver para sua manutenção, contavam-se os custos da publicação, com pedidos feitos pelos alunos, inclusive, ao governo do estado no sentido de que sua produção fosse contínua. Mesmo diante de impasses dessa natureza, a revista foi lançada e custeada pelo grêmio em julho de 1916, apresentando em suas primeiras páginas as palavras do Professor Catedrático de Fisiologia, Ovidio Pires de Campos, tecendo considerações sobre a necessidade de se transferir o centro acadêmico para a responsabilidade dos que apoiassem e ajudassem a edificar o nome da Faculdade de Medicina:

“É muito para louvar-se esse belo empreendimento dos seus dirigentes, que, assim, e ainda uma vez, dão evidentes mostras de como nítida e claramente souberam compreender, interpretar e tornar efetivos os verdadeiros intuitos do grêmio – a cuja superintendência emprestam boa parte do seu esforço e da sua atividade, e o seu natural ardor –, obstando a que, das elevadas cogitações de ordem científica, pudesse o Centro resvalar e despenhar-se e vir achatar-se nos baixios infrutuosos das lutas e competições pessoais. Ao Centro, lhe não bastaram as primícias de, pela sua tribuna, haver inaugurado e solidamente estabelecido a obra altamente meritória de vulgarizar as boas doutrinas e de disseminar por entre os seus associados aqueles dos princípios que os devem guiar e a que se devem jungir no exercício da sua futura profissão: quis ir além, decidindo, com raro acerto, que, nas páginas desta revista, essa mesma obra – assim tão auspiciosamente levada a cabo – se continuasse, mais ampla e mais intensa, e se perpetuasse, irmanando, na mais completa e perfeita comunhão de ideais, mestres e discípulos.[6]

Dentre aqueles que se manifestaram a respeito, Arnaldo Vieira de Carvalho enviou uma carta ao diretor do Caoc nos seguintes termos:

[...] peço por isso V.S. receber sinceras felicitações pelo sucesso alcançado pela Revista de Medicina e, com elas, meus votos ardentes para que continuem os alunos desta faculdade a cultivar, com o mesmo ardor demonstrado, a ciência, enobrecendo assim a profissão médica, dignificando a Escola [...][7]

Também fez referência à Revista o então Presidente do Estado, Altino Arantes, sublinhando que;

Vê-se em suas páginas uma eloqüente prova de aplicação e de operosidade dos sócios do Centro e, em geral, dos alunos da Faculdade de Medicina e Cirurgia, ao mesmo tempo que se verifica como é grande neles o amor ao estudo e ao bom nome do instituto que frenqüentam.[8]

Outro momento importante para a Revista de Medicina será a de apontar as transformações ocorridas no campo médico paulista com a inauguração do Hospital das Clínicas no ano de 1944 e a constituição de seus institutos e hospitais de retaguarda, permitindo que muito do conhecimento médico fosse ali elaborado e, em parte, expresso pelas linhas da Revista de Medicina até os dias atuais. Não há dúvida, de que, com o passar dos anos, a revista ganhou esse definitivo lugar do conhecimento médico, voltado para as suas tecnologias e campos de conhecimento. Sua publicação está sob a responsabilidade do Departamento Científico e está indexada nas Bases de Dados LILACS e Latindex

Jornal O Bisturi

A tradicional Revista de Medicina, publicação estudantil da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP), trouxe no corpo de suas matérias, uma notícia sobre o surgimento de um novo jornal com o nome O Bisturi, “tipo perfeito do jornal de estudantes: resolve todos os problemas, mesmo os mais graves, comenta todos os fatos e, quando estes são muito sérios, trazem ao fim uma piada. É um resumo simpático do que se faz, se diz e se pensa fora das aulas. [9]

Lançado em 15 de março de 1930, O Bisturi propunha em suas primeiras linhas ser: “o companheiro de todas as turmas: é calouro e doutorando; é esforçado e vadio, alegre e pensativo; é desportista e poeta. Seu nome define: ‘O bisturi’ (de estudantes). Nunca chega a criar ferrugem, mal manejado, não corta; em mãos despertas, não fere. O jornal é indispensável. Este número de hoje é a primeira fornada, talvez um pouco crua, que sai como amostra só para se tomar o gosto das demais que se seguem, separadas pelo menor tempo possível, sem data pré-estabelecida.”[10]

A identidade jornalística se compunha da vida estudantil frente às mudanças vividas pelos alunos e pela cidade de São Paulo, conferindo “expressões próprias” de um “grupo diferenciado”. Vindos dos mais variados pontos do estado e do país, esses estudantes traziam na bagagem ideias e princípios diversos, acabando por desenvolver “tipos excepcionais de comportamento”[11], a que se deve acrescentar o fato de constituírem uma corporação em formação, tratando de tipologias e expressões muitas vezes só identificáveis entre os pares. Nesse sentido, o Jornal se dizia representante de toda a classe estudantil médica e era aberto à colaboração de todos que quisessem participar: “não queremos fazer de nossa folha simplesmente arquivo de pensamento estudantino, mas o condensador de ideias novas e de todas as aspirações de nossa classe. Avante!”[12]

Irônico e cheio de bom humor, O Bisturi conseguiu desenhar o cotidiano da Faculdade de Medicina (FM) narrando viagens e aulas, caricaturando alunos, professores e funcionários e usando de suas páginas para reivindicar melhorias no ensino, na pesquisa e na assistência médica. Sobretudo, o Jornal foi capaz de representar os anseios da elite médica e científica paulista, bem como sua vida na cidade de São Paulo, através da variedade de suas propostas jocosas, matizadas por um sarcasmo médico-estudantil.

A sobrevivência, até os dias atuais, de um jornal estudantil como O Bisturi estará em forte relação com os desígnios tomados pela escola médica durante as próximas décadas. Se pudemos acompanhar essa primeira fase, relativa a própria organização da Faculdade, inclusive, de sua incorporação à Universidade de São Paulo é importante ressaltar um momento de inflexão e politização dos discursos no jornal advindos dos próximos anos com os ecos da ditadura militar, a partir de 1964, colocando o próprio Centro Acadêmico em suspenso. Essa guinada politizadora do jornal passou a demonstrar, desde então, uma preocupação estudantil mais particular com a organização corporativa médica e, principalmente, com o ensino ministrado na FM. Já os espaços para as brincadeiras, poesias e as piadas, que tomavam conta de quase todo o jornal em suas primeiras tomadas foram limitados, reiterando um campo menos jocoso, mesmo que seu nome O Bisturi continue a eternizar os risos entre seus pares e de outros leitores também.

 


[1] ELEUTÉRIO, Maria de Lourdes. Imprensa a serviço do progresso. In: MARTINS, Ana Luiza; LUCA, Tânia Regina de (orgs.) História da imprensa no Brasil. São Paulo: Contexto, 2008, p.83.
[2] A força de tais empreendimentos acarretou o próprio surgimento da Associação de Imprensa, em 1908, e, logo depois, a Associação Brasileira de Imprensa, em 1926, sob a presidência de Barbosa Lima Sobrinho.
[3] Idem, p.86.
[4] Entre eles, citamos: O Espiroqueta (jornal-da Faculdade de Medicina); 606; Caóctica (revista do departamento cultural do Caoc); Sob os bigodes de Arnaldo (des-informativo do departamento científico do Caoc); BIP (Boletim informativo periódico); Caveira (revista da Associação Atlética Acadêmica Oswaldo Cruz);
[5] Editorial. Chronica. Revista de Medicina, São Paulo, anno XIII, n.50, 1928, p.1.
[6]  Revista de Medicina (Orgam do Centro Academico Oswaldo Cruz da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo), São Paulo, anno 1, n.1, jul. 1916, p.3-4.
[7] CARVALHO, Arnaldo Vieira de. Carta enviada à diretoria do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz. Acta da sessão ordinaria da directoria do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, realizada em 26 de setembro de 1917, p.27 (mimeo).
[8] ARANTES, Altino. Carta enviada à diretoria do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz. Acta da sessão ordinaria da directoria do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, realizada em 26 de setembro de 1917, p.28 (mimeo).
[9]             Editorial. Chronica. Revista de Medicina, São Paulo, anno XIV, n.52,1930, p.1.
[10]             Editorial. O bisturi (periódico literário, humorístico e noticioso), São Paulo, n.1, ano 1, 15 mar. 1930, p.1.
[11]             CAMILO, Vagner. Risos entre pares: poesia e amor românticos. São Paulo: Edusp/Fapesp, 1998, p.37.
[12]             O bisturi (periódico literário, humorístico e noticioso), São Paulo, n.1, ano 1, op.cit., p.1.

Prof. André Mota
Coordenador do Museu Histórico do Museu da Faculdade de Medicina da USP

Jornais de Itu séc. XIX e XX

Clique aqui para visitar a coleção de Jornais de Itu dos séculos XVIII e XIX.

Coleção Digital de Jornais do Museu Republicano “Convenção de Itu” (MRCI/USP)

A coleção Jornais de Itu séc. XIX e XX, lançada em 16 de novembro de 2013, foi digitalizada, tratada e indexada pelas equipes do Departamento Técnico do Sistema Integrado de Bibliotecas (DT/SIBi), do Museu Paulista (MP) e Museu Republicano “Convenção de Itu” (MRCI), todos da Universidade de São Paulo.
Tal lançamento faz parte das comemorações dos 140 anos da “Convenção de Itu”, 90 anos de abertura do Museu Republicano e 50 anos de sua integração à Universidade de São Paulo (USP).
Os primeiros títulos que compõem esta coleção são: O Ytuano (1873-1875); Imprensa Ytuana (1876-1891) e República (1890-1926).
A Coleção de jornais impressos da Biblioteca do Museu Republicano abrange periódicos da segunda metade do século XIX até a década de 1930. Formam um conjunto de 11 títulos selecionados, contendo informações sobre o cotidiano da cidade de Itu e região. O período abrangido pelos jornais contempla os campos da História Política, Social, Econômica e Jurídica da sociedade brasileira, com ênfase no período entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX, tendo como núcleo central de estudos o período de configuração do regime republicano no Brasil.

O jornal: fonte documental para pesquisas

Por se constituírem em repositórios de registros sistemáticos, diários ou periódicos, de informações dirigidas ao leitor comum, os jornais são importantes fontes documentais para muitos tipos de pesquisa, antes de mais nada quanto àqueles temas que, já à sua época, eram considerados relevantes e por isso foram mais amplamente abordados na imprensa.

No caso dos jornais de Itu, que formam a Coleção ora lançada em meio digital acessível on-line, já são conhecidos pelo que representam para pesquisas desenvolvidas em História Política, Social, Econômica ou Jurídica, a respeito de temáticas que já eram candentes no último quartel do século XIX e primeiras décadas do século XX –  escravidão e abolicionismo, questão da mão-de-obra livre ou escrava; movimento republicano e Primeira República; café, ferrovia, imigração, inícios de um processo de industrialização –, eixos centrais de muitas pesquisas sobre a província e depois estado de São Paulo, que abordam Itu e região exatamente pela importância de seu papel nessas questões.[1]

As campanhas de abolicionistas e republicanos e de militares descontentes com a política imperial valeram-se dos jornais ituanos para a veiculação de opiniões. O jornal O Ytuano, semanário editado desde 1873, já circulava quando da realização da Convenção, deu notícias pormenorizadas sobre a inauguração da Estrada de Ferro Ituana, ocorrida na véspera do evento republicano, e sobre a Convenção de Itu e seus desdobramentos.

Os periódicos revelam o ponto de vista regional, sobre questões nacionais, incluindo frequentemente em seus editoriais opiniões sobre a mão-de-obra escrava e livre. Muitas são as notícias de comércio de escravos transformando-se gradativamente em divulgação de fugas, libertações em massa e anúncios da vinda de navios trazendo imigrantes para formação das colônias nas fazendas da região. Em 30 de março de 1873, a Imprensa Ytuana publicou artigo em que habitantes de Porto Feliz reclamavam por medidas de segurança e tranquilidade em virtude da existência de diversos quilombos na região.

Com essa efervescência do movimento republicano e abolicionista em Itu e região, chegavam à cidade, notícia da assinatura do decreto n. 3353 que extinguiu a Escravidão no Brasil e, embora o sistema de comunicação entre as cidades da província fosse ainda precário, em Itu, na data de 17/11/1889 era publicada em primeira página da Imprensa Ytuana a constituição do governo provisório republicano e as comemorações da proclamação da república, ocorrida dois dias antes.

Também na História da Arte e na História da Cultura, os jornais ituanos têm sido procurados para pesquisas sobre artistas regionais, que ganharam projeção nacional, como Miguel Dutra, Almeida Júnior e Elias Lobo.[2]

É possível acompanhar a projeção de José Ferraz de Almeida Júnior, através das notas sobre premiações como é o caso de “Estudo de Modelo Vivo”, veiculado em O Ytuano. Ou ainda em maio de 1876 quando o pintor entrega três telas à maçonaria ituana: “Fé, Esperança e Caridade.” Em 1880 o Conde D’Eu visita o Ateliê de Almeida Júnior em Paris e mais uma vez a Imprensa Ytuana destaca o acontecimento, agora internacionalmente.

Como de costume no século XIX, os periódicos ituanos divulgavam em seus exemplares, obras de escritores nacionais e estrangeiros. Eram veículos de divulgação da literatura. Poemas, romances e folhetins ocupavam locais de destaque no jornal Imprensa Ytuana que veiculava em capítulos inicialmente semanais, passando a bissemanais e diários, que se dirigiam neste caso, especialmente ao público feminino.

A própria História da Imprensa já pôde ter apreciações a respeito da produção local graças à preservação dos jornais ituanos pelo Museu Republicano.[3]

Em todos esses casos, os pesquisadores vieram à Biblioteca do Museu Republicano para consultar os jornais locais ou foram atendidos à distância, sempre que possível.

Agora, porém, com o acesso on-line a esta preciosa Coleção, pode-se prever que venha a ocorrer um uso mais intenso destas fontes, não só nos universos temáticos em que já vêm sendo utilizadas mas também para enriquecer pesquisas voltadas a aspectos do dia-a-dia das cidades deste interior paulista, de seu comércio, sua gente, sua vida urbana, especialmente pelo exame continuado das séries de anúncios comerciais que permitem uma imersão nessa dimensão cotidiana para sua melhor compreensão.

Se em Ingleses no Brasil, que data de 1948, Gilberto Freyre era um pioneiro no uso da fonte jornalística e na defesa de seu alto valor documental, isto hoje se tornou recurso estabelecido para pesquisas acadêmicas de diferentes tipos. Naquele tempo, foi para apreender a presença inglesa no Brasil, não apenas por seus representantes mais conhecidos mas principalmente pela vasta gama de homens comuns que vindos da Grã-Bretanha aportaram no Brasil para aqui atuar e interagir, que Freyre fez uso dos anúncios de jornal e o justificou:

“porque os anúncios desses jornais velhos – tão desprezados pelos historiadores antigos (…) – nos transmitem informações sobre o lado mais profundamente humano do passado brasileiro que seria inútil esperar nos fossem revelados pelas crônicas ilustres. Não só o pitoresco, o dramático, o único irrompe dos anúncios: também o comum, o que se repete, o que em certas ciências se chama o demonstrativo em contraste com o denominado atípico: extremos que, aliás, não se repelem, como outrora se supunha, mas se alonga um no outro. Daí serem os anúncios material valioso para os estudos sociais, em geral, e para o sociológico, antropológico ou histórico-social, em particular …”.[4]

O uso de jornais como fonte de pesquisas tornou-se recorrente mas até hoje ainda há uma predominância dos grandes jornais de capitais de províncias/estados para este fim. Bem menos numerosos são os trabalhos que se valem de periódicos locais, de cidades do interior. Uma das razões para isto era a dificuldade de acesso que havia a esses documentos, que, a partir de agora, no caso da imprensa de Itu, torna-se amplamente acessível graças ao trabalho da Equipe da Biblioteca do Museu Paulista (MP), Museu Republicano “Convenção de Itu” (MRCI) e do Departamento Técnico do Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo (DT/SIBi USP), que permite inserir a Coleção de Jornais do Museu Republicano na Biblioteca Digital de Obras Raras e Especiais da USP.

A formação da Coleção

A Coleção de jornais da Biblioteca do Museu Republicano abrange periódicos da segunda metade do século XIX até a década de 1930. Formam um conjunto de 11 títulos selecionados do acervo de periódicos, contendo informações sobre o cotidiano da cidade de Itu e região. O período abrangido pelos jornais acompanha a temática institucional, que contempla o campo da História da Cultura Material da sociedade brasileira, com ênfase no período entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX, tendo como núcleo central de estudos o período de configuração do regime republicano no Brasil.

Trata-se de um corpo de documentos significativos para a compreensão da história local e do Estado de São Paulo, na medida em que se constitui de notícias e crônicas sistemáticas, registradas ao longo dos anos e que, em muitos aspectos, complementa o acervo documental do Arquivo Histórico institucional. Lembramos ainda tratar-se de exemplares únicos e utilizados com frequência por pesquisadores de diferentes universidades e áreas do conhecimento, provenientes de todo país e do exterior. Cabe ressaltar que, com a ampliação do campo de atuação do historiador, mediante o surgimento de novas temáticas e devido à transformação da concepção de documento histórico, passou-se a privilegiar outras fontes, dentre as quais se destacam os jornais.

O núcleo documental que deu início à Coleção foi adquirido no ano de 1975, por meio da doação de exemplares que pertenceram ao jornalista e colecionador Newton Camargo Costa e que estavam sob a guarda do também jornalista Ednan Mariano Leme da Costa. Ednan, frequentador assíduo do Museu Republicano, também doou à instituição a coleção de livros e documentos do historiador ituano Francisco Nardy Filho e acompanhou ativamente os trabalhos de reorganização do Museu após sua reabertura em 1986, depois de um longo período de fechamento em razão de uma intervenção de restauro executada pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e a Universidade de São Paulo (USP), sob coordenação do Museu Paulista (MP).

Esse primeiro conjunto documental foi enriquecido por doações de exemplares pertencentes ao Engenheiro Eduardo Pacheco e Silva, proprietário da antiga Fábrica São Luís, como também por novas doações do próprio Ednan Mariano. Nos primeiros anos da década de 1990, o Museu Republicano deu início à organização desse material, produzindo um primeiro catálogo impresso, em que constaram as principais informações para localização de cada exemplar: título, ano, volume, número e data do exemplar. Nesse momento, também foram realizados a higienização manual e o armazenamento em embalagens apropriadas.

O primeiro catálogo, impresso no próprio Museu, serviu durante anos como instrumento de pesquisa da coleção, que se tornou uma das mais consultadas por estudantes, jornalistas e pesquisadores das áreas de história, sociologia, arquitetura, jornalismo, além de escritores, genealogistas e interessados na busca de dados sobre a história local e regional.

Observando a grande demanda pela coleção, que subsidiou inúmeros trabalhos acadêmicos, livros e artigos, a equipe do Museu realizou campanha junto à imprensa local para complementação das coleções existentes. Em alguns casos, ainda há lacunas de exemplares, entretanto, nada que possa comprometer o valor da coleção. Títulos que se complementam cronologicamente e também na perspectiva ideológica, uma vez que registram os acontecimentos a partir de variadas óticas, de diferentes tendências políticas ou de caráter eminentemente religioso. São onze conjuntos que formam um caleidoscópio do cotidiano do interior paulista.

A partir da criação oficial da Biblioteca do Museu Republicano, no ano de 1995, e da contratação de sua bibliotecária, os exemplares foram inseridos no DEDALUS, catálogo online do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP (SIBi/USP), dando ainda maior visibilidade à Coleção, ocasionando, consequentemente, significativo aumento de demanda.

Devido ao manuseio intenso dos originais, aliado ao natural desgaste do papel jornal, suporte feito para uma curta vida útil, os exemplares começaram a apresentar sinais de acidez e ressecamento, levando à necessidade de restrições de pesquisa. Entretanto, cientes da importância do conjunto documental e da necessidade premente de preservação e acesso, no ano de 2010 decidiu-se pela transposição de suporte. A Coleção foi microfilmada e digitalizada a fim de garantir a integridade dos originais e a acessibilidade à informação. A providência foi de fundamental importância para salvaguarda da informação. No entanto, as consultas continuaram a ser realizadas apenas nas dependências da Biblioteca.

Visando ampliar ainda mais a acessibilidade ao conjunto documental, no ano de 2013 o Museu Republicano estabeleceu um plano conjunto com o Sistema Integrado de Bibliotecas da USP (SIBi/USP), a fim de viabilizar a disponibilização da Coleção através da Biblioteca Digital de Obras Raras, Especiais e Documentação Histórica da USP, integrante do Portal SIBi/USP, de forma a garantir a consulta on-line.

O trabalho de criação desta Coleção Digital teve o incentivo e o apoio da Direção do Museu Paulista e da Supervisão do Museu Republicano e envolveu as equipes do Departamento Técnico (DT) do SIBi/USP e das Bibliotecas do Museu Paulista e Museu Republicano “Convenção de Itu”. Os exemplares estão sendo novamente digitalizados em equipamentos de alta definição, permitindo excelente qualidade de imagem que, na sequência, recebem novo tratamento para melhor visibilidade do objeto digital. Na fase final, está sendo realizada a indexação individual dos exemplares de toda a Coleção para recuperação das informações necessárias à localização (título, procedência, data, volume e número do exemplar, nome dos editores e redatores, além de notas de raridade). A indexação de assuntos contempla notícias de maior relevância, recuperadas a partir dos termos disponíveis no vocabulário controlado do SIBi/USP.

Até o momento, foram digitalizados três títulos: O Ytuano, Imprensa Ytuana e Republica, que estão sendo disponibilizados nesta primeira etapa. Os trabalhos deverão prosseguir até a finalização de todos os títulos da Coleção.

Desta forma, a Universidade de São Paulo, por meio de suas bibliotecas, cumpre o papel de promover o acesso e incentivar o uso e a geração da informação, contribuindo para a excelência do ensino, pesquisa e extensão em todas as áreas do conhecimento. Mantém assim o compromisso com a democratização do acesso à informação.

Quanto aos originais, permanecem cuidadosamente armazenados conforme orientação técnica do Serviço de Conservação do Museu Paulista e periodicamente inspecionados.

Segue a relação integral de títulos disponíveis na Coleção, seguidos das datas limite.

 


[1] Alguns trabalhos que podem ser citados são: BASTOS, 1997; CERDAN, 2004; LEPSCH, 1999; SANTOS, 2003; ZEQUINI, 2004.

[2] DE FRANCISCO, 2001; SERGL, 1991; SINGH, 2004.

[3] ALMEIDA, 1983; ARRUDA, 2005; ESTRADA, 2005; GALVÃO, 2007; SOUZA, 1979.

[4] Gilberto Freyre. Ingleses no Brasil, 1948, capítulo II: “Os ingleses nos anúncios de jornais brasileiros da primeira metade do século XIX”.

 

Equipe Integrante do Projeto

Coordenação Geral

Professora Titular Sueli Mara Soares Pinto Ferreira

Diretora Técnica do Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo (SIBi/USP)

 

Biblioteca do Museu Paulista e Museu Republicano “Convenção de Itu” da Universidade de São Paulo

Coordenação

Márcia Medeiros de Carvalho Mendo

Bibliotecárias

Alline de Souza

Maria Cristina Monteiro Tasca

Técnicos

Alzira Bezerra Nóbrega

José Renato Margarido Galvão

Marcos Antonio Steiner

Rosemary Mendonça Martins Fernandes Gonçalves

Estagiários

Gabriel Barth Tarifa

Luiza Fonseca de Souza

 

Departamento Técnico do Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo – (DT/SIBi USP) 

André Nito Assada, Técnico de Documentação e Informação.

Camila Molgara Gamba, Bibliotecária.

Cláudio Roberto Ferreira, Auxiliar de Documentação e Informação.

José Luiz Gomes da Costa, Técnico de Documentação e Informação.

José de Souza Araújo, Auxiliar de Documentação e Informação.

Laucivaldo Cardoso de Oliveira, Bibliotecário.

Paulo Ubiratan Costa Tormente, Estagiário, Graduando em História.

 

Referências Bibliográficas:

ALMEIDA, Gastão Thomaz de. Imprensa do interior: um estudo preliminar. São Paulo: Convênio IMESP/DAESP, 1983.

ARRUDA, Paulo. Um século de informação. Revista Campo & Cidade. Itu, n. 36, abr./ Maio 2005. p. 31-33.

BASTOS, Maria Antonieta Toledo Ribeiro. A cidade de Itu: berço da república, um estudo de geografia urbana até a 1. República (1930). (Tese – Doutorado, USP, 1997).

CERDAN, Marcelo Alves. Praticando a liberdade. Uberlândia, 2004. (Dissertação – Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia, 2004).

DE FRANCISCO, Luís Roberto. Elias Álvares Lobo: um monumento na música brasileira. Itu: Ottoni, 2001.

ESTRADA, Angélica. Leitura para todos os gostos. Revista Campo & Cidade. Itu, n. 36, abr./ Maio 2005. P.26-30.

GALVÃO, José Renato Margarido. Palavras que instruem. Itu: [s.n.], 2007. Trabalho vencedor do Concurso Literário Dr. Ermelindo Maffei.

FREITAS, Afonso A. de. A imprensa periódica de São Paulo. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, São Paulo, v.19, 1915.

LEPSCH, Inaldo C.S. O Barão de Itaim. Itu (SP): Ottoni, 1999.

SANTOS, Fabiano Quicoli dos. Crimes contra a segurança da honra no segundo império na Comarca de Itu. Itu (SP): 2003. (Monografia – Faculdade de Direito de Itu, 2003).

SERGL, Marcos Júlio. Elias Lobo e a música em Itu. São Paulo, 1991. (Dissertação – mestrado, ECA-USP, 1991).

SINGH, Oséas. Partida da Monção: tema histórico em Almeida Junior. (Dissertação – mestrado, Depto de História da Arte e Cultura do IFCH- UNICAMP, 2004).

SOUZA, Claudete de. Formas de ações e resistência dos escravos na região de Itu – século XIX. (Dissertação – Mestrado, UNESP, 1998).

SOUZA, Jonas Soares de. Jornais e jornalistas ituanos. Imprensa Oficial do Município de Itu.  Itu, v.2, n. 102, 1 nov. 1979. p. 26-27.

ZEQUINI, Anicleide. O quintal da fábrica. São Paulo: Annablume: FAPESP, 2004.